Em meio aos ataques aéreos de Israel no sul do Líbano, igreja católica que abrigava cristãos desabrigados é destruída. Líderes cristãos clamam por paz e diálogo no Oriente Médio.

Na última querta-feira, dia 9 de outubro, uma igreja da Eparquia (diocese) Greco-Melquita Católica, situada na cidade libanesa de Derdghaya, no sul do país, tornou-se mais uma vítima do trágico do conflito no Oriente Médio. Durante um ataque aéreo, um míssil israelense atingiu o local, tirando a vida de pelo menos oito cristãos. A filial britânica da Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) divulgou as informações na semana passada, ressaltando o impacto devastador sobre uma comunidade que já se encontra em situação vulnerável.
De acordo com fontes locais ouvidas pela ACN, a igreja serve de abrigo para famílias cristãs desabrigadas pelo conflito entre Israel e o grupo terrorista islâmico Hezbollah. Além da igreja, a casa de um padre e um edifício de três andares que abrigavam escritórios paroquiais foram destruídos. O incidente, que vitimou famílias e crianças, reforça a urgência de medidas de proteção para civis em meio à escalada de hostilidades no Líbano.
No Vaticano, o Papa Francisco utilizou as redes sociais para renovar o pedido por um cessar-fogo e respeito à soberania. Em sua conta oficial na plataforma X, o pontífice enfatizou: “Todas as nações têm o direito de existir em paz e segurança: seus territórios não devem ser atacados, sua soberania deve ser respeitada e protegida por meio do diálogo e da paz.”
Em uma publicação adicional no dia 11 de outubro, o Papa fez um apelo mais direto: “Peço um cessar-fogo imediato em todas as frentes da guerra no Oriente Médio, incluindo o Líbano. Vamos #RezarJuntos pelos libaneses, especialmente pelos habitantes do sul que foram solicitados a deixar suas vilas, para que possam retornar o mais rápido possível e viver em #paz.”
‘Não cederemos ao ódio’
O cardeal Pierbattista Pizzaballa, patriarca latino de Jerusalém, expressou em carta aberta ao Papa Francisco a “mais sincera gratidão” dos líderes católicos e de todos os cristãos da Terra Santa pela solidariedade do pontífice. A carta foi publicada na edição de 11 de outubro do L’Osservatore Romano, onde o patriarca destacou que Francisco tem sido “o único líder mundial” a consideração “o sofrimento humano de todos” na região.
O cardeal Pizzaballa explicou que a resposta da Igreja Católica é uma resistência imposta, usando “armas de amor” para proteger a desconfiança que se alastra entre os envolvidos no conflito. “Em um contexto de ódio profundamente enraizado, há uma necessidade de empatia, de gestos e palavras de amor que, mesmo sem mudar o curso dos acontecimentos, tragam conforto e consolo”, afirmou o patriarca, segundo o Vatican News.
O cardeal destacou ainda a importância de não se ceder à lógica do mal e do ódio: “Não cederemos aos acontecimentos que parecem nos separar; ao contrário, sempre tentaremos ser construtores sedentos de paz e justiça.” Para ele, o testemunho de muitos homens e mulheres na Terra Santa que, mesmo pessoalmente afetados pela violência, demonstram coragem ao perdoar, é inspirador. Esse “pequeno remanescente”, inspirado, pode ser o ponto de partida para reconstruir relações e restaurar a confiança rompida pelo conflito.
“Deste momento difícil, precisamos aprender a tornar nossos relacionamentos ainda mais fortes e sinceros no futuro, para construir contextos autênticos e sólidos de paz e respeito,” concluiu o cardeal, lembrando que, mesmo em tempos de guerra, a esperança pela paz e a união permanece viva.